Hoje fiz uma surpresa: Fui fazer uma pequena sessão de poesia na turma da minha filhota Ana.O tema, sem saber porquê, era o Natal!
Porque será que agora só se fala de Natal e durante o resto do ano quase toda a gente o esquece?
A alegria dos miúdos estava espelhada nos seus rostos pequenitos. As suas vozes cantavam todos os versos que sabiam ao Menino. Afinal, eram versos de Natal!
Fica aqui um para recordar:
HISTÓRIA ANTIGA
Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.
Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
Miguel Torga
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N'uma festa de Natal lá na escola primária, uma amiga foi eleita para lêr este poema, e leu-o com tal emoção que nenhuma das mães ali presentes conseguiu evitar uma lágrima.
ResponderEliminarObrigado por me recordares esse dia. Sepre acreditei na máquina do tempo.